A CORRUPÇÃO

Com as notícias da corrupção e tempo de veraneio, lembrei-me desta história que se passou numa das últimas viagens que fiz.

Quantas vezes bramamos contra os corruptos, esses ladrões chicos-espertos que nos passam a perna e nós, cordeirinhos, ficamos sempre mal.
Mas quem nunca corrompeu alguém, alguma coisa? A maioria vai dizer que não, mas bem lá no fundo de certeza que sim, nem que mais não tenha sido trocar um doce por um beijo de uma criança.

Estava a lembrar-me da ida ao Senegal e dum episódio de corrupção que se podia ter passado. Não se passou este, passaram-se outros.

Fomos fazer uma visita a um parque natural no norte já muito perto da fronteira com a Mauritânia. Percorremos as típicas estradas africanas em terra avermelhada num táxi de cidade. Música a condizer com o ambiente – aguém disse que era muito fixe e como o cliente tem sempre razão, gramamos com aquela cassete durante 3 ou 4 horas.

A dada altura perguntamos qual seria a sensação de passar para o lado de lá. Só que o taxista não estava pelos ajustes.

- E se pagarmos mais?
- Bem, talvez se possa fazer... Têm os passaportes convosco?

Olhamos uns para os outros e ninguém tinha trazido.

- Não têm passaportes? Então e dinheiro, trouxeram?
- Algum, não muito.
- Assim não será fácil...

Até que alguém mais lúcido diz:

- Se não temos os passaportes, qual é o gozo de ir gastar francos para corromper 2 ou 3 guardas de fronteira e nem sequer trazer a prova?
- Realmente! Vamos mas é voltar para a cidade e beber umas gazelles.


E foi o melhor que fizémos, acho eu...