MALDITOS CARTÕES

Digo-vos já que Espanha é francamente atrasada tecnologicamente quando comparada com Portugal. Falo da vida do dia a dia como cidadão.

No entanto, o Arif disse-me ontem que ia de férias para o Bangladesh ver a sua família e que voltava dentro de um mês. Que eu ficasse descansado porque já tinha avisado quem o vai substituir para me continuar a fazer o desconto habitual, pois sou dos melhores clientes do seu cyber café, diz ele.

O Juan do Starbucks conseguiu convencer-me há uns tempos a fazer o maldito cartão. Não obstante, de vez em quanto oferece-me o café, afinal vou lá todos os dias.

Nem toda a gente pode ir à frutaria dos indianos pedir um ramo de salsa sem comprar mais nada e ainda assim a mesma ser-lhe oferecida. Eu posso. O chinês também oferece ameixas aos clientes especiais.

O Pepe que serve minis no tasco ao lado da minha casa, é gajo para pagar uma rodada de cada vez que lá vou com os meus amigos. Também é verdade que somos sempre os melhores clientes do dia.

Quando quero carne vou a um mercado que tem uns dez talhos, mas compro sempre no do Ángel porque ele me aconselha as melhores peças e às vezes até me dá um salchichón.

Nada disto acontece porque tenho um cartão de cliente daqueles que só falta registarem quantas vezes fazemos o amor. E mesmo esses suspeito que já tenham sido inventados.