Hoje tive que fazer de manhã mas não precisei de ir ao escritório, as novas tecnologias pouparam-me a deslocação. Antes do almoço passei por um dos locais que mais gosto de frequentar em Madrid, a taberna da porta ao lado de casa onde de manhã está a Carmen e à tarde o Pepe. O pai dele, de manhã e à tarde. Depois de pedir o habitual botellín - a mini madrileña, que veio acompanhado de uma almondega caseira e um trocito de pão, entra uma senhora rubia carregada de sacos com compras. Antes mesmo de os pousar pede também uma cerveja mas maior que a minha, um tercio. Está à espera que o filho chegue do colégio para ir fazer o almoço. Um cliente, agora mais assíduo desde que lhe tocou em sorte o desemprego, segue um programa de mexericos na televisão. Comenta que gosta muito da Romy “Esnaider” apesar de nunca ter visto o Sissi e pede mais um aperitivo. Dou os parabéns à Carmen pela almondega que está francamente saborosa e peço outra mini. O chaval chega entretanto e diz à mãe que lhe sobe as compras se ela lhe der cinco euros. Acertam o negócio por um kas laranja e ficam a conversar sobre a manhã de cada um. Alguém pergunta pelo Pepe relembrando que mais logo ao fim tarde, depois da apresentação do livro, virão todos beber uma copa. Entretanto começa o telediário das três e o cavalheiro cinéfilo solta um sonoro joder! quando vê as noticias sobre o descalabro do Bankia. Peço à Carmen que me cobre e vou almoçar.
Numa altura em que Espanha vai aprofundando uma crise parente da nossa, os espanhóis teimam em continuar a tratar a vida por tu, povo do catano!