Algo se passa com as mulheres portuguesas. Ultimamente é recorrente ver cartazes publicitários a apelar à memória histórica dos sabores do antigamente, muito engenhosamente denominados por sabores da avó. Toda a gente sabe que a arte culinária é coisa que vem sendo transmitida secretamente de geração em geração há muitos anos e a não ser que já haja head hunting de avós cozinheiras, não me parece que a Iglo, a Central Lechera e outras, tenham em seu poder tais receitas supostamente inalienáveis. É que se for o caso, chega-se à triste conclusão que as mulheres de hoje são dispensáveis, culinariamente falando, porque já não dependemos da sua perseverança, altruísmo e sentido de responsabilidade para um regresso ao passado, basta ir ao supermercado. Ou então são os publicitários (mais uma vez) a fazer pouco das mulheres da Península Ibérica. Aquela açorda de sável que a tua avó fazia como ninguém? Pfft!, nós também a sabemos fazer e vendemo-la baratinha, congelada em saquinhos.
E nós, homens? Somos um caso perdido, naturalmente. Contentemo-nos com as fusões, reduções e demais inovações dos tempos modernos. Alguém imagina um macho na cozinha a aprender a fazer uma feijoada de lebre ou uma tarde de ruibarbo com a mãe ou a avó, há 30 ou 40 anos atrás?
Mas sabe uma coisa ? Tenho saudades da manteiga da minha avó, do leite de antigamente, do pão escuro ás fatias grossas que sabia pela vida... Agora é tudo tão artificial, tudo tão sem sabor...São os bons produtos que dão qualidade a uma cozinheira de mão cheia, e são TÃO difíceis de encontrar. Não há nada mais gratificante do que passar uma tarde a cozinhar... e não é também verdade que o os homens são os melhores Chefs ???
ResponderEliminarJibóia,
ResponderEliminara cozinha não começa nem acaba nas modernices...
mas algumas práticas e alguns gostos mudaram, para não falar nos ingredientes.
Os supostos produtos "da avó" são apenas um filão que os marketeers decidiram explorar, e que pelos vistos convence muita gente. Normalmente são muito iguais ao "gourmet" de há três anos, ou ao simples "10 minutos no microondas!" de há dez.
Parece que ainda há quem caia nestas coisas de pagar o triplo por comida de plástico quando alguns originais levam pouco mais de meia hora a fazer.
Quanto aos ingredientes, há coisas difíceis de arranjar, e caras. A senhora minha avó fritava os pastéis de bacalhau em azeite. Estrelava os ovos em manteiga. Eram coisas baratas, na altura. Mas não havia bifes do lombo, nem o bacalhau era do mais alto.
E ainda há quem não tenha percebido que comprar ovos "orgânicos" caríssimos e continuar a estrelá-los da mesma maneira de sempre não os vai fazer saber melhor...
Parece que o que é do tempos dos avós é que era comida caseira, com sabor. Agora é tudo demasiado gourmet, sem sabor.
ResponderEliminarApesar de achar que é tudo marketing...
Jibóia tens de ir mais fundo na análise, o busílis da questão é que a população está a envelhecer, daí a necessidade de incutir a ideia do que é antigo é que sabe bem... no final das contas, a culpa disto tudo é das farmacêuticas... ;)
ResponderEliminarNão há como o cozido á Portuguesa da minha avó ou como o leite creme da minha mãe
ResponderEliminarSe eu te colocasse à frente uma maranho feito pela avó e outro feito por mim, qual é que irias comer? Acredito que marchassem os dois mas o da avó iria saber-te muito melhor que o meu! =)
ResponderEliminarNão é estar a subestimar nem mulheres nem homens, simplesmente as coisas antigamente eram tratadas, feitas e produzidas de maneira diferente do que fazem nos dias de hoje. Antes nem toda a gente tinha um frigorífico em casa para conservar as carnes, frutas legumes, etc., sabias qual era a alimentação dos animais que consumias, não havia produtos para tratar dos legumes e frutas nas hortas, etc. Com o avanço dos tempos a tecnologia avança e certas coisas deixam de existir. RC
Eu tenho 19 anos e cozinho desde os 13. E considero-me uma boa cozinheira. Mas um coisa é certa, começam a diminuir em larga escala as mulheres que sabem cozinhar, mas por outro lado aumentam os homens. Hábitos alimentares mudaram, umas coisas para melhor outras para pior, como em todas as mudanças.
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