segunda-feira, 19 de novembro de 2012

QUANDO O ACORDAR VALIDA O SONHO


Assim que entrei para o piso superior, deram-me as boas vindas, pediram-me o casaco e indicaram-me o local onde iria passar as oito horas seguintes. Calcei as meias de descanso, pus a manta por cima, programei a playlist da consola com Depeche Mode e puxei do Le Monde.

Depois de algum tempo no ar, o Jêrome veio tomar nota das minhas escolhas gastronómicas e convidou-me a visitar o bar na rectaguarda onde iriam servir os aperitivos. Acedi ao convite mas fiquei um bocadinho incrédulo com os chineses que já lutavam entre si para serem servidos de champagne. Também havia Graham's vintage do nosso Douro e um tinto que me chamou a atenção. Entretanto tinha-se juntado o Louis, engenheiro topógrafo a regressar a casa depois de uns meses de trabalho lá fora: Oh la la, c'est la bagarre, ça!, exclamou. Não há povo como o latino para apreciar estas coisas da boa vida, concordamos. Chegada a nossa vez, aceitamos delicadamente a flute de Veuve Cliquot que a Karen, australiana de Melbourne, nos ofereceu. Declinamos uma segunda porque ainda havia que provar outros néctares e aquele tinto continuava debaixo de olho. Entretanto o Jêrome anunciou que estava tudo a postos para o serviço e voltamos para o lugar.

Após o banquete, chamemos-lhe assim modestamente, ausentei-me por momentos. No regresso encontrei o meu lugar transformado num leito de branca alvura. Não me fiz rogado e estirei-me a todo o comprimento. A Marie tinha-me deixado o resto do Château Figeac à cabeceira e perguntou-me se precisava de mais alguma coisa. Foram as últimas palavras de que me lembro e o seu doce olhar a última coisa que vi antes de cair num sono de bebé.

Acabaria por acordar algumas horas mais tarde para me dar conta de que o meu sonho se tinha tornado realidade: o Airbus 380 acabava de aterrar em Charles de Gaulle e eu era um dos passageiros da Business.

5 comentários:

  1. É só para fazer uma correcção: não é engenheiro topográfico mas sim engenheiro topógrafo.

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    1. Sonia, obrigado pela chamada de atenção. Sabes que aquela altitude o raciocínio turva. Eheh

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  2. Onde é que servem Veuve em business?
    A minha empresa, de há uns tempos largos a esta parte, resolveu que ninguém poderia ir em business havendo lugares em económica, Claro que desde aí todos marcamos as viagens praticamente na véspera, mas a questão é que sempre me serviram espumantes, nada de Veuve, sinto-me totalmente defraudada.

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  3. Queres que te insulte? Fonix, que inveja!

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Falem com o Jibóia, falem...