A PRIMAVERA E OS "FATREINOS"

Ao contrário do que seria de imaginar, mesmo com bom tempo alguns portugueses parece que gostam é de se meterem em centros comerciais fechados.

O texto a seguir, da autoria dum amigo, retrata muito bem (ainda que de forma satírica) a realidade de muita gente que passa tardes solarengas nos centros comerciais.


Vestir o "fatreino" e ir para o centro comercial é o desporto favorito do bom português. Andar a fazer um "jogging-andante" corredor afora, olhar para as montras como um cão olha para a peça de alcatra que está pendurada na vitrine do talho, salivar um bocado e depois aventar um "Fo**-**!!! Vão roubar pró *******!! Depois como é que eles querem vender!?" Terminam com o fatal: "a culpa é do Sócras!"

Lá dentro, as moças que não arranjam emprego em mais lado nenhum, senão já tinham saído dali, fazem parte da montra. Em pé, inertes, olham para o mundo lá fora como se estivessem enjauladas e vêem desfilar casais de "fatreino" sabendo que ou não entram ou quando o fazem, a "Senhora" roda a loja desarrumando tudo, enquanto o "Senhor" roda à volta dela lançando mal-disfarçados galanços à sua figura. Lá fora o casal do "fatreino" continua o seu exercicio e afasta-se. Não antes do "Senhor" dizer "Péraí qué pra eu ver este preço..!?", e mirar mais uma vez aquele belo naco - " ...uuui, pegava em ti e até fazias oitos com perninhas de nove !!" - que lá dentro parece olhar para ontem.

A seguir seguem para uma merecida pausa no sítio em que vendam mais colestrol por centímetro cúbico, bebem uma garrafa de vinho, que andar toda a manhã deu-lhes uma sede do caraças e ficam a jiboiar, enquanto outros "fatreinos" andam por ali atarantados com tabuleiros nas mãos à procura de um espacinho para se sentarem e injectarem o colestrol, que o coração está a trabalhar muito depressa e precisa de um "anti-acelerante".

Mais tarde levantam-se e decidem que vão até à praia. Metem-se no carro, passam 2 horas na fila de trânsito que leva todos os "fatreinos" à mesma praia e à mesma hora e quando lá chegam, como não há estacionamento mesmo em cima da praia voltam para trás. Afinal, está na hora do lanche.

Depois é casa, comer o franguinho que se comprou na churrasqueira e ir ressonar para o sofá a papar tudo o que é novela: "Também não dá mais nada!" A seguir, cama que o dia foi puxado e amanhã é dia de trabalho.