quinta-feira, 16 de abril de 2009

TABEFES

Tenho uma mercearia de bairro ao pé de casa. Gosto de lá ir comprar algumas coisas porque vendem avulso, a senhora é atenciosa (dá salsa, por exemplo) e estou a contribuir para o negócio.

Hoje fui lá comprar umas cebolas que me faltavam para fazer arroz de tomate.
Quando entrei fiquei um pouco espantado com a cara da senhora. Vi que estava chorosa mas não me apercebi porquê. Na hora de pagar, já com contacto visual, percebi. Estava com má cara. Com aspecto de ter levado uns tabefes. Teria mesmo? Sei que a relação com o marido é complicada, já os vi a discutir acesamente e o homem não é nada meigo. Perguntei-lhe:

- A senhora está bem?
- Sim, está tudo bem.

Via-se perfeitamente que não estava. Mas também se via que não queria falar do assunto.

Paguei e vim embora a pensar. E continuo com a sensação que aquela senhora é mais uma vítima de violência doméstica...

10 comentários:

  1. :(
    E provavelmente tens razão...
    E na volta, ainda é daquelas desgraçadas que até perdoa e aceita, porque foi educada assim...

    beijitos

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  2. Infelizmente ainda há muito em Portugal a mania de não denunciar essas coisas. Violência doméstica não é aceitavel de modo algum! Essa senhora tinha era de agarrar nela e por o marido a cumprir pena! Filhos da mãe mais aos homens que acham que são superiores e por isso podem bater nas mulheres.

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  3. A violência doméstica contra as mulheres passou a ser crime público em Portugal no ano 2000 (Lei 7/2000)
    O facto de ser considerado como crime público alivia a mulher da pressão do agressor porque não tem de ser ela a apresentar a queixa.
    Esta, pode ser feita por um familiar, um vizinho, uma associação a quem a mulher se dirija. Também pode ter um efeito dissuasor da violência porque a sociedade passa a poder intervir e o avanço do processo em tribunal deixa de depender da pressão que o agressor possa fazer sobre a vítima.
    Cresceu a coragem para romper o silêncio.
    O domínio do homem sobre a mulher tem fortes raízes históricas que continuam a ter peso. Passaram muitos séculos, desde a primeira lei romana que colocava as mulheres como propriedade dos maridos, que possuíam sobre elas o poder de vida e de morte. Apesar dos grandes avanços alcançados pelas mulheres, em especial no último século, há factores de subalternidade que persistem e que abrem campo à violência conjugal. Por isso, a violência contra as mulheres constitui um fenómeno transversal a todas as classes sociais.
    A violência doméstica é algo inaceitável.
    É um atentado aos Direitos Humanos.
    Ofende o princípio da igualdade e da liberdade porque uma das partes faz exercício unilateral e ilegítimo do poder.
    Põe em causa a dignidade da mulher e a sua saúde física e mental. E, quando as crianças convivem com estes factos põe-se em causa o seu desenvolvimento equilibrado.
    É também uma questão de Democracia e de Cidadania.
    É por isso jibóia que tens a obrigação de denunciar a situação, mesmo que não exista a certeza absoluta que essa senhora vivencie a situação que imaginas.
    A denúncia é importante!

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. O que são crimes públicos, semi-públicos e particulares?
    1-Crimes públicos são aqueles em que, devido à sua gravidade, basta que o Ministério Público tenha conhecimento da sua ocorrência para instaurar o procedimento criminal. Ex: Homicídio, Sequestro, Ofensas à Integridade Física Graves, Maus Tratos.
    2-Nos crimes semi-públicos exige-se uma declaração de vontade do lesado ou do seu representante legal – queixa – para que o Ministério Público possa dar início ao processo, abrindo o inquérito. Ex: Ofensas à Integridade Física Simples, Violação, Violação de Correspondência, etc.
    3-Nos crimes particulares o início do processo é idêntico ao dos crimes semi-públicos: o Ministério Público só pode abrir inquérito se o lesado ou o seu representante legal tiverem apresentado queixa; mas para além disto, exige-se ainda ao lesado que se constitua assistente, para que, findo o inquérito, se considerar que há indícios suficientes para levar o arguido a julgamento, deduza acusação particular. Se o não fizer, o processo é arquivado. Ex: Injúrias, Difamação, etc.

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  6. Pink,

    Compreendo, mas não posso denunciar algo sobre o qual não tenho a certeza.

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  7. Eu já vim aqui 2 ou 3 vezes para comentar este post, mas vou embora sem dizer nada do que fiquei a pensar. Lido com isto todos os dias e o que penso dava uma dissertação. Grande.
    E violência psicológica é também violência doméstica.

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  8. violencia domestica??? ahahaah
    essa mulherzelha se levou no trombil foi porque merecia! alias, se ela nao fez nada de mal, iria ou ira fazer, por isso almoçou adiantado! ja chega de submissao, homens ao poder outra vez!!!

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  9. até pode ser que a senhora sofra é de maus tratos psicologicos...pois não deixam marcas visiveis a olhos nu... mais a tristeza e o sofrimento estam tb mto presentes.Possivelmente esse Sra ñ sabe pedir ajuda ou ñ pode pedir ajuda porque julga depender do marido financeirament e até ñ tem o apoio dos familiares.A sociedade portuguesa ainda valoriza demaziado a autoridade masculina... e isso é a pior das merdas!!!a violência é crime sim... mais quem a denuncia? ninguem porque mais uma vez aplica-se um proverbio estupido que é "entre marido e mulher ñ se poe a colher"

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Falem com o Jibóia, falem...