quinta-feira, 29 de abril de 2010

CENAS DE UM CASAMENTO: III


continuação de cenas de um casamento: II


A banda já está a tocar há 2 horas após o jantar e os seus elementos decidem fazer novo intervalo para molharem a goela com umas minis. Nesse momento, o padrinho da noiva sobe ao palco e avisa que se vai leiloar a liga. Depois de vários sobe e desce naquela perna rechonchuda, o Manteigas pede novamente o livro de cheques à mulher, levanta-se e diz:

- Vamos lá acabar com esta palhaçada!

Entrega um cheque de 5 mil euros. Não tem concorrência. O padrinho da noiva, furioso, pois queria ser ele a ficar por cima, desce do palco e vai em direcção ao vencedor, empurrando-o:

- Oh meu cabrão, lá porque cagas milhões pensas que podes chegar aqui e ficar com a liga da minha afilhada?!
- Não me empurres que eu vou-te às trombas!

Quando parecia que a coisa ia descambar, ouve-se um arroto estrondoso na sala. Eram os putos que ao verem o microfone a jeito apoderaram-se daquilo. Foi o que salvou a noite.

Antes dos convidados irem embora falta marcar o próximo casamento, que será o de quem apanhar o ramo da noiva. As candidatas perfilam-se atrás duma linha imaginária tentando adivinhar onde vai cair o bouquet. No meio das jovenzitas está uma senhora com uns setenta anos.

- Olha-me a maluca da Isaura! Com aquela idade anda para ali no meio das miúdas, já era para ter juízo!
- Ainda cai e parte uma perna!
- Parte uma perna? Tá bem tá! Se não lhe der uma taquinárdia já vai com sorte!

Na sala restam os desfraldados de gravata na cabeça que escorropicham os últimos copos enquanto as suas respectivas os tentam levar dali. À saída, o jovem advogado já meio trôpego passa pelo noivo e estende-lhe um envelope vazio enquanto o abraça:

- Muitas felicidades, amigo!

O noivo guarda-o no bolso interior do casaco junto do resto da massa, sem contudo se aperceber da generosa oferta.

A festa termina com um fogo de artifício apoteótico que revela uma limusina branca de onde os noivos dizem adeus aos convidados pela janela. E assim partem para um hotel de luxo onde irão passar a noite de núpcias.

A maneira como os noivos acabam a noite não interessa. Mas um amigo que trabalha nesse hotel confessou-me que mais tarde passou ocasionalmente no corredor da suite e ouviu o seguinte comentário:

- Oh môr, estás tão bêbado. Como é que vamos fazer para o pores em pé?

8 comentários:

  1. Eu não sei bem a quantos casamentos já foste ou vais, mas ó moooço! Andas cá c'uma imaginação! Ou isso ou metade dos 36 casamentos a que fui passaram-me ao lado :D

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  2. Adorei as cenas de um casamento, todas mesmo! Espectacular! 5 *****!! Isto é o que se chama uma jibóia de imaginação!

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  3. B., quem? O jovem advogado que se abarbatou com a prima bardajona, comeu e bebeu sem pagar e deu um envelope vazio como prenda aos noivos? :)

    Andorinha, a parvoíce tem destas coisas. O sentido de observação também ajuda ;)

    Branca de Neve, é não é? :D

    Meu olhar, não me faças corar pá!

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  4. Brilhante!
    De rir do início ao fim.

    E a Taquinárdia foi do melhor.

    Parabéns.

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  5. Tens de escrever mais este género de episódios!

    Adorei! :)

    Beijo

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  6. Miss C. com P., os casamentos têm destas coisas que abrilhantam um dia de festa :)

    Fada, às vezes lá calha a parvoíce sair mais aguda :P
    Obrigado.

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Falem com o Jibóia, falem...