As nossas escolhas tendem a ser feitas de maneira a proteger primeiro o bem estar individual e só depois o colectivo.
Há cerca de um mês, uma cadeia de supermercados portuguesa transferiu a sua sede fical para a Holanda. Independentemente da legalidade da acção que para o caso é irrelevante, houve um apelo imediato ao boicote desses supermercados. Quantas pessoas realmente aderiram? Zero. E porquê? Porque a transferência da sede fiscal da empresa para o estrangeiro não interferiu minimamente no nosso dia a dia. Os produtos continuam a estar nas prateleiras habituais com a qualidade habitual e ao preço habitual.
Por outro lado, é do conhecimento geral que existe em Espanha uma organização terrorista com historial de "obra feita", infelizmente. Essa organização financia(va)-se tendo por base um "imposto" extorcionista aplicado mormente aos grupos empresariais bascos. Um desses grupos, detentor também ele de uma cadeia de supermercados, prepara-se para fechar grande parte dos estabelecimentos na região de Madrid. As pessoas não gostaram de saber que essa empresa subsidiava o terrorismo. É que a brincar a brincar, toda a gente aqui conhece alguém cuja família perdeu um ente querido falecido num atentado. E há muito respeitinho pelo assunto.
Moral da história, quando nos toca a nós os boicotes já fazem todo o sentido. O resto são tretas.