Em Setembro do ano passado fui ao Senegal. Apesar de já ter ido a 3 ou 4 países de África, nunca tinha ido à África negra, onde realmente podemos sentir as emoções da imensidão que é este continente.
Fui com dois amigos visitar outro que lá vive e trabalha. Em Dakar, a capital, instalaram-se várias empresas europeias com representação para toda a África Ocidental. Como tal há bastantes europeus a viver na cidade que se topam à distância. Apesar dos restaurantes serem de entrada livre e indiscriminatória é óbvio que a maioria dos clientes são do velho continente, pois por mais barato que seja uma refeição será sempre uma fortuna para os locais.
Por isso desta vez as gastronomias são especiais.
Porque pela primeira vez senti o que é ver pessoas com fome à séria à minha volta.
Porque pela primeira vez vi gente a comprar metades ou terços (!!) de baguetes de pão para a família. E uma destas quentinha acabadinha de fazer numa padaria custa o equivalente a 30 cêntimos de euro...
Por várias vezes me pediram dinheiro que por princípio nunca dou. Mas a conselho do meu anfitrião “se forem à padaria e alguém pedir pão não lho neguem. Se calhar é a única coisa que vão comer durante o dia...”, era impossível negar ajuda a esta gente.
A minha educação e a minha consciência sempre me ensinaram a não estragar comida.
Entradas
Berbigão, tal como cá, também há com alguma abundância. Quem gosta de ameijoas certamente gostará deste bivalve.
Camarão encontra-se facilmente em quase todos os restaurantes. Não há muito mais a dizer.
Pratos principais
Dibi – Suponho que esta será a experiência que vai fazer mexer mais estômagos de quem ler isto. Este prato típico é delicioso (e o meu amigo disse que se eu provasse o que ele provou no Mali então ia ao céu!) mas é preciso estar verdadeiramente imbuído do espírito africano para se avançar. Dibi é carne de borrego grelhada temperada com cebola e algumas especiarias onde se destaca a canela. Como não é fácil encontrar, a única vez que comemos tivemos que comprar num “take away” (!) do mercado - a Dibiterie. À boa maneira do desenrasca, foram as folhas de papel de sacas de farinha que serviram de embalagem, como podem ver aqui na foto que tirei. Para acompanhamento, as batatas fritas que estivemos a tentar cozinhar durante uma manhã... De todas as maneiras estava muito bom mesmo!
Thiéboudienne – O prato nacional do Senegal. Arroz com vegetais e peixe guisado. Bastante picante. Apesar de ter pedido com pouco picante, a noção dos senegaleses de “pouco picante” é bastante diferente da nossa.
Maffé – Carne de vaca, frango ou cordeiro guisada com molho de tomate e manteiga de amendoim.
Em qualquer pequena tasca se pode comer um prato gigante de arroz com camarão salteado em molho de lima, por exemplo, por uns meros 2 a 3 euros!
Sobremesas
Não cheguei a provar uma sobremesa verdadeiramente típica do Senegal. Como a cozinha tem algumas influências europeias (francesas, sobretudo) a sobremesa que provei era bavaroise de morango.
Bebidas
Cerveja a toda a hora. Muito calor, muita humidade – bastantes mosquitos. É impossível estar mais de meia hora sem beber líquidos . Como em muitos sítios não havia água engarrafada de confiança, a opção era muitas vezes La Gazelle, verdadeiras granadas :o)