A propósito das viagens, muitas vezes damos por nós a vir de férias e a dizer que lá é tão fixe, que em Portugal podiamos fazer igual, que era uma ideia muito bem pensada e que iriamos todos ser tão mais felizes. Às vezes é verdade. Mas pergunto, estando a globalização estendida a quase todo o mundo, se adoptassemos todas essas ideias brilhantes e as pusessemos em prática aqui no nosso Portugal, qual seria a motivação para sairmos daqui para fora em férias?
Podemos ter cadeirinhas de palha nas esplanadas à beira rio das nossas cidades, mas não será a mesma coisa que tomar café nessas esplanadas das ruas de Paris com vista para o Seine.
Podemos comer uma tapa no melhor restaurante espanhol em Portugal mas nada se compara a entrar num bar de copas em Espanha com o chão sujo de papéis, uma barulheira infernal e pedir uma caña acompanhada por uns pimentos padrón.
Já por aí há alguns restaurantes italianos muito bons, mas não veremos o pizzaiolo de rabo de cavalo sem protecção na cabeça (qual ASAE?) a cantar o sole mio enquanto nos prepara a massa da nossa pizza, como vi em Itália.
Por mais Irish pubs que abram, com a melhor música possível e a Guinness no ponto, não tem nada a ver com as pints bebidas em Temple Bar, Dublin. Mariquices, dizem alguns. Pois sim, eu também pensava o mesmo...
A salada grega já faz parte de qualquer menu daqueles locais ditos fashion. Mas será a mesma coisa que comê-la numa esplanada dum restaurante em pleno bairro da Plaka em Atenas sob 30C às dez da noite, enquanto ouvimos o som do bouzouki a vir das tavernas circundantes? Não, claro que não.
Podia continuar com inúmeros exemplos para me armar ao pingarelho só que agora não tenho tempo para isso. Talvez mais tarde.
Enfim, há coisas que só fazem verdadeiramente sentido no sítio e no momento certos. E atenção, não conheço ninguém que goste mais de viajar do que eu.